Como um silêncio denso e prolongado,
Eu me calo,
Tu não tomas a palavra
Porque foi um longo silêncio...
Tudo não foi mais que silêncio.
(...)
Mas também a criança, quando são sabe o que responder, oferece seu silêncio como resposta
Todos trabalham em silêncio, concentrados em suas tarefas.
Os primeiros passos ressoam claros sobre o betume das primeiras horas da manhã, como que isolados; destacam-se sobre o silêncio da noite que se esfuma.
(...)
O silêncio dá vida a olhares nunca vistos, gestos ainda não ousados.
Tudo é eminente; para que um braço que se ergue tenha um sentido, nós o esperamos no silêncio da espectativa que dá ao ato que se segue todo o seu valor; assim, a palavra é esperada como necessária ao encontro.
O silêncio afasta também consigo adeuses que nunca se deram.
Em uma solidão que se fecha e encerra, em um silêncio que se acaba...
É a partir do silêncio que se nasce a qualidade do gesto e da palavra. É nesse crisol que se preparam os impulsos e as pulsões que organizam, no espaço interior, os rítmos em urgência de emergência: ele vai falar? agir? Ele ergueu-se, caminhou, voltou-se, olhou-me por apenas um instante, um instante suficiente para a compreensão, e continuou seu caminho.
(...)
A urgência de uma ação que nos mobiliza inteiramente requer um silêncio propício a essa ação. Um alpinista que escala uma parede não sente necessidade de falar. Uma pequena ação rotineira que não requer grande concentração, mas uma espécie de automatismo, pode propor a palavra a fim de facilitar o próprio ato, e para que ele não seja realizado com enfado. As velhas falam ao tricotarem, e raramente sobre o que estão fazendo.
(...)
O silêncio depois da ação conduz mais à reflexão, ao reconhecimento em si mesmo.
(...)
O silêncio anima o olhar, por si mesmo. Sempre há nele mais um retorno para si do que uma abertura para o exterior.
O tímido freqüentemente é silencioso: ele olha, mas como se estivesse protegido por si mesmo.
O silêncio sempre se oculta na profundidade, lá onde deve ser procurado por quem quiser encontrá-lo.
Não há conflito entre a palavra e o silêncio; o silêncio dá à palavra sua profundidade. Um discurso que ignorasse a qualidade do silêncio não passaria de VERBORRAGIA. Gostaríamos de dizer: "Chega! Cala-te! Tua fala não contém o silêncio necessário para que alcance seu verdadeiro valor." A emergência do não dito está lá...
Jacques Lecoq
É isso que falta na minha vida. Mais silêncio. Menos verborragia.
terça-feira, 20 de outubro de 2009
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