O dia de hoje era para ser comunmente diferente. Acordei antes das 10h da matina. Saí com Dona Karine Ribeiro (a Savana). Fomos ouvir à gravação de nosso pocketshow com Fernanda Jacob (a Dourada) e Tiago Medeiros (o Guitarrista Místico). Foi um tanto difícil para mim ouvir, mas deu para ficar feliz. "O que importa é o processo." Passamos no Supermercado Pão-de-Açúca (o Jumbo) para comprar vinho-seco-barato e salgadinhos amarelos.
Seguimos para o Parque da Cidade Sarah Kubitschek, mais especificamente na Praça das Fontes, ao lado do Pirraça (o bar). Me antecipei um pouco... Foi estacionado no parque que ouvimos o CD, gravado de forma amadora, mas com qualidade suficiente para perceber muitas coisas. A minha conclusão é: preciso de um fonoaudiólogo. Abri um dos dois vinhos recém-aquisitados na árvore (uma técnica-plano-B para quando não se tem um saca-rolhas).
(É importante ressaltarmos esta técnica, pois ela é essencial ao desenvolvimento da trama-tragédia. Eis a técnica: com um casaco, ou camisa grossa, enrolamos na base da garrafa de vinho. a blusa serve para amortecer o vidro, pois será inúmeras vezes batido horizontalmente contra uma árvore, até que a pressão das pancadas expulsem a rolha da garrafa. A técnica exige um pouco de força, mas nada que danifique os músculos... dependendo da garrafa e/ou da árvore)
Abri, enfim, a primeira garrafa. Para ser mais exato, não fiz a rolha ser expelida por completo, para poder terminar com a mão. Estávamos, Karine e eu, num momento musical cantante flutuante. Entrei no carro, que estava estacionado e tocando nossas vozes no som, sentei. E, ainda cantando olhos-nos-olhos e fazendo poser para fotos de celular, finalizei com os dedos o processo de abertura do vinho, que teve um resultado vulcânico no teto do carro, parabrisa e vestuário. Catástrofe. Não nos restou outra coisa a não ser rir e começar as beber.
Terminado o disco e o vinho, seguimos a pé a um lugarzinho com sombra e banquinhos de concreto sem encosto, no meio da Praça das Fontes. Queríamos compor uma música, Karine e eu, portando um saco de salgadinhos amarelos, a outra garrafa de vinho e um violão zéla (ruim). Sentamos nos banquinhos, tocamos umas duas ou três músicas meio nostálgicas. Karine, gravando-nos com seu aparelho celular, pede: "Abre a outra garrafa?"
Cantávamos "Eu Não Tenho Namorado", de Celly Campelo, enquanto eu tentava abrir a segunda garrafa usando a mesma tática de poucos momentos antes. Mas a ávore, dessa vez, era um eucalípto. Eucalípto não é uma árvore boa para abrir vinho, não-sei-porquê. E só tinha eucalíptos a volta. Olhei o banquinho de concreto. Pensei, "Por que não?". Uma, duas, três, quatro batidinhas pouco mais intensas do que bater de leve. Cinco... Craaaaaaaaaf! "Ai, ai, ai, ai, ai, ai, ai, ai, ai, ai, ai, ai, ai, ai, ai, ai, ai, ai, Karine! Me cortei!!!"
- Ai, meu deus! Tá sangrando?
- Horrores! Tá aberto! Rasgou! Me leva pro hospital!
- Ai, meu deus! Relaxa. Vamo lá.
O corte era na mão direita, bem no morrinho da sexualidade (morrinho do dedão). Andando debaixo do Sol quente e radiante, senti minha cabeça suar e meu corpo esfriar. Lembrando da ferida profunda e larga, fui enxergando coisas brancas, como se eu tivesse cheirado Bom Ar. Não posso ver sangue. Principalmente, quando ele sai aos litros de mim.
- Karine, se eu desmaiar, não se desespere. Só continua precionando o corte pra mim?
- Ai, meu deus! Tá bom. Mas não precisa desmaiar. Vamo no Pirraça lavar.
- Vai lá você pra mim? Vou deitar um pouco aqui.
Ela foi correndo como se tivesse na final de No Limite (o reality show) e eu deitei na sombra de uma árvore aleatória no meio do caminho. Não sei se desmaiei, ou se apenas perdi a noção do tempo, nas achei que ela fosse demorar mais. Chegou com duas garrafonas de água potável e tentou lavar minha ferida. Mas não estava aguentando a dor da água!
Ok. Seguimos. Karine dirigiu (lógico) nervosa pra mim e fomos ao Hospital das Clínicas (o que aceita meu plano de saúde). Chegando lá, eu estava ridículo. Todo molhado, roxo nas vestes e nos lábios, exalando vinho, com uma camisa xadrez tão suja quanto eu em volta da minha mão direita, pálido. É claro que todos achavam que eu estava extremamente alcoolizado. Ainda mais que, numa hora daquela, só ficava rindo da situação com a Karine (a salvadora). E dava pra ver a grossura da pele, até chegar numa parte branca. Comecei a passar mal de novo.
Estava demorando muito pra ser atendido. "Oi... Quem vai costurar minha mão?"
Levei cinco pontos. Mas gritei aos montes que nem um maricón antes que o médico bonitinho e seco me costurasse. Cassete de agulha! Três injeções dentro do corte.
Agora estou em casa. Não saí. Não dá pra dirigir. Além do quê, preciso me recuperar. Perdi muito sangue e ainda me sinto meio sem sangue.
Segunda vou tomar uma vacina tetanocida no posto aqui perto.
Karine, obrigado por não ter me deixado sozinho nesse momento tão difícil, sangrando até morrer. Não estou preparado para ser comido pelos abutres ainda.
Foi um dia e tanto. Ainda assisti "Matador", e caí nas lágrimas da sensibilidade ao final da película.
Ufa.
Imagem de não sei de onde. Pode estar simbolizando morte hemorrágica.
sábado, 6 de fevereiro de 2010
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Incrível como a gente começa a dar o maior valor à mão quando ela para de funcionar, né?
ResponderExcluirTo digitando escondida porque fui proibida. Ordens de um médico gatinho pro meu princípio de tendinite.
-Meu Deus, quantos fatos aflitivos em pouco tempo.
ResponderExcluirÉ como diz, sempre, uma velha tia minha: "As coisas sempre podem piorar, por isso agradeça por não ter sido pior"(rs...).
Mas apesar de triste o ocorrido, queria muito estar próximo a vcs nesse momento, visto que as risadas, várias, acredito eu, devem ter embalado essa ocasião, de certa forma, trágica!:o
Karine, menina-moleka e Kael, moleke-menino, sinto-me lisongeado em tê-los em meu círculo,um tanto vicioso, de palas, de brincadeiras, por mais que não tão intensificado.
Kaeeeeeel, que vc melhore logo, menino travesso!
Obs: Confesso que não sabia da tácnica de abrir vinhos e que no início da leitura fiquei entusiasmado a tentar abrir um que tem aqui em casa dessa maneira, contudo, ao chegar ao momento "SANGUE", desisti. Hehehehehe...
Abraçoooo. =)
Gente! E eu que achava que fosse uma drama queen. Ai ai... filho, de onde você tirou "recém-aquisitadas"? kkkkkk
ResponderExcluiruai... neologiquismo e licença poeticada
ResponderExcluiruma vez quase arranquei meus dedinhos da mão direita (importante essa mão) na aula de gravura.
ResponderExcluirdepois aconteceu o mesmo na de escultura, e agora eu prefiro usar as tintas ou clicar o botão de uma câmera.
enfim, experiências válidas, meu querido.